Apoteótico, Django Livre mistura western, ópera e crítica social


Indicado ao Oscar de Melhor Filme, “Django Livre”, de Quentin Tarantino, revela-se até superior ao empolgante “Bastardos Inglórios” (2009), que rendeu o troféu de Melhor Ator Coadjuvante para Cristoph Waltz. Agora, esse prodigioso ator germânico interpreta um dentista alemão que se dedica ao ofício de caçador de recompensas, no sul dos Estados Unidos, às vésperas da Guerra de Secessão.

Exercitando uma comicidade verbal ainda mais afiada que no filme anterior, seu lema é “flesh for cash” (“carne por dinheiro”) e sua personalidade é uma inusitada mistura de cinismo, frieza, crueldade, sofisticação e cultura.


É no exercício dessa sangrenta ocupação que ele liberta o escravo Django, interpretado por Jamie Foxx, e o transforma em seu parceiro de trabalho. Este o convence a procurar e resgatar a sua amada, vivida por Kerry Washington, com quem Foxx contraceou em “Ray” (2004). Ela é escrava de uma fazenda que pertence ao personagem de Leonardo DiCaprio – excelente no papel de um repulsivo latifundiário, que tem como homem de confiança um escravo bajulador e sem caráter, desenhado com perfeição por Samuel L. Jackson.

O filme traz referências ao subgênero dos spaghetti western, filmes de faroeste italianos que fizeram muito sucesso nos anos 1960, mas Tarantino também alude, por meio do casal de escravos, à lenda germânica de Sigfried e Brunhilde, fazendo da espinha dorsal do filme uma referência à ópera de Wagner.

Nesse sentido, ele se esmera nas entradas triunfais dos heróis, carregando nas emoções da trilha sonora e na câmara lenta. E continua sendo o mestre dos diálogos e das situações desconcertantes, tanto para o público quanto para os personagens.

Marcas de seu estilo, o humor e a ironia servem aqui para enfatizar a desumanidade da escravidão. Se o tema de “Bastardos Inglórios” era basicamente a vingança, “Django livre” fala de justiça social.


Fonte: Pipoca Moderna / Portal da Terra

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