Exercitando uma comicidade verbal ainda mais afiada que no filme anterior, seu lema é “flesh for cash” (“carne por dinheiro”) e sua personalidade é uma inusitada mistura de cinismo, frieza, crueldade, sofisticação e cultura.
É no exercício dessa sangrenta ocupação que ele liberta o escravo Django, interpretado por Jamie Foxx, e o transforma em seu parceiro de trabalho. Este o convence a procurar e resgatar a sua amada, vivida por Kerry Washington, com quem Foxx contraceou em “Ray” (2004). Ela é escrava de uma fazenda que pertence ao personagem de Leonardo DiCaprio – excelente no papel de um repulsivo latifundiário, que tem como homem de confiança um escravo bajulador e sem caráter, desenhado com perfeição por Samuel L. Jackson.
O filme traz referências ao subgênero dos spaghetti western, filmes de faroeste italianos que fizeram muito sucesso nos anos 1960, mas Tarantino também alude, por meio do casal de escravos, à lenda germânica de Sigfried e Brunhilde, fazendo da espinha dorsal do filme uma referência à ópera de Wagner.
Nesse sentido, ele se esmera nas entradas triunfais dos heróis, carregando nas emoções da trilha sonora e na câmara lenta. E continua sendo o mestre dos diálogos e das situações desconcertantes, tanto para o público quanto para os personagens.
Marcas de seu estilo, o humor e a ironia servem aqui para enfatizar a desumanidade da escravidão. Se o tema de “Bastardos Inglórios” era basicamente a vingança, “Django livre” fala de justiça social.
Fonte: Pipoca Moderna / Portal da Terra
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